Se 30 anos atrás alguém me contasse que estaríamos vivendo um período em que empresas que lucram estão associadas a uma atuação social e ambiental, seria difícil acreditar. Isso porque a atuação social era vista como exclusividade do poder público e de ONGs. No entanto, hoje, praticamente toda organização tem interesse ou necessidade de se aprofundar na agenda ESG, que engloba tópicos sociais, de proteção ambiental e de ética e transparência.
A agenda ESG com foco na sustentabilidade ambiental é a mais disseminada e com mais previsibilidade de investimento. Recentemente, o Gartner, líder mundial em pesquisa e aconselhamento para empresas, anunciou as 10 principais tendências tecnológicas que as organizações poderão explorar em 2023, sendo a sustentabilidade a primeira da lista.
O curioso é que, segundo o que a BNP Paribas destacou, cerca de 51% dos investidores consultados consideraram a sigla “S” do ESG a mais difícil de ser analisada e incorporada às estratégias de investimento e a mais deixada de lado. E do que são feitas as organizações, senão, de pessoas?
O aspecto social está focado nas relações da empresa com o entorno: comunidade, colaboradores e clientes. Ele traz práticas que visam construir um espaço de trabalho justo e digno para todos. A seguir estão alguns exemplos de ações:
Para entregar a solução de uma organização com inovação e pioneirismo não há outro caminho senão por meio de uma política estruturada de governança social, pois o maior ativo de uma empresa é sua rede de colaboradores. São deles que surgem os melhores produtos e soluções. Se a companhia não está olhando para dentro de casa, ela pode perder um importante diferencial competitivo.
Estamos sendo impactados por expectativas da sociedade e regulamentações, que se traduzem no posicionamento compartilhado de aplicar recursos éticos com os colaboradores como prioridade nas próximas agendas.
Das três letras do ESG, sabemos mais claramente identificar as ações do “G” e do “E”, mas o “S” acaba por ser muito mais difuso porque ele clama por ações relacionadas a pessoas que estão dentro e fora do âmbito da empresa.
Nesta visão, tudo começa com a confiança dos colaboradores, o que acaba trazendo mais inovação à empresa, impulsionando melhores produtos e serviços e conquistando a confiança dos consumidores.
Assim, os processos acima aumentarão a reputação da empresa no mercado e trarão melhores resultados sustentáveis. Estes retornos ajudarão a companhia a fazer novos investimentos (inclusive sociais e de impacto), o que fará com que o negócio alavanque sua reputação na sociedade.
Se a empresa está com dificuldades de alavancar o negócio e contribuir com a comunidade, é importante entender, primeiramente, a natureza de sua atividade e priorizar o olhar para dentro, com foco em desenvolver a confiança dos colaboradores. Este é, a meu ver, o pontapé inicial de uma visão sistêmica de governança social, com inúmeros benefícios a longo prazo.
*Claudia Elisa Soares é especialista em ESG e transformação de negócios e líderes e conselheira em companhias abertas e familiares — Camil, IBGC, Tupy, Even, Grupo Cassol, Bernoulli Educação e Gouvêa Ecosystem
Autor: Claudia Elisa Soares, especialista em ESG
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